Em muitas oportunidades convidava o Naval para acompanhar-me em visitas à casas de amigos ou de outros artistas, satisfazendo seu gozo pessoal.
Certa vez, visitávamos a D" Bertha Mendes de Souza, com o objetivo de obter seu apoio para divulgar obras do Naval na Feira da Providência, sabendo que ela era uma das patronesses. Da Bertha, conhecida colunável, amiga do Dr. Juscelino e oriunda de categorizada família de Diamantina, nos recebeu com a melhor hospitalidade mineira, prometendo todo seu apoio ao nosso intento. No meio da conversa, o Naval levanta-se e parte em direção a um abat-jour clássico, coberto por uma campânula branca. Retira a campânula e dana-se a pintá-la com suas figuras de movimento. Fiquei paralizado, esperando uma bronca da Da Bertha. O Naval recoloca a campânula no lugar e acende o abat-jour. Ficou outra coisa. Passou a ter uma nova vida. Nova arte. Novo abat-jour. Para minha surpresa, Da Bertha maravilhou-se e agradeceu ao Naval pela transformação. Mandou servir um belo chá que o Bento Freire, se visse, na certa condenaria.
Em outras visitas, o mesmo frisson acontecera. No apartamento da Aninha, no Leme, a comissária da Varig, criadora de corujas, o procedimento e o efeito foi o mesmo. Enfrentamos alguns desastres, mas sem dignidade para registro por falta de cultura, como diagnosticava Naval.
Dentro dessa idéia de renovar abat-jours, gostava de ilustrar livros com os seus desenhos. Ilustrava livros já publicados, como se propunha a ilustrar livros em fase de edição. Ilustrou o livro do José Carlos Rego.
Há poucos dias, descobri cartões de Natal personalizados com ilustrações do Naval. Eram especiais, com os seus desenhos, tinham personalidade navaliana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário