quinta-feira, 28 de julho de 2011

SAIA CURTA DO ABAT-JOUR

Em muitas oportunidades convidava o Naval para acompa­nhar-me em visitas à casas de amigos ou de outros artistas, satis­fazendo seu gozo pessoal.

Certa vez, visitávamos a D" Bertha Mendes de Souza, com o objetivo de obter seu apoio para divulgar obras do Naval na Feira da Providência, sabendo que ela era uma das patronesses. Da Bertha, conhecida colunável, amiga do Dr. Juscelino e oriunda de categorizada família de Diamantina, nos recebeu com a melhor hospitalidade mineira, prometendo todo seu apoio ao nosso intento. No meio da conversa, o Naval le­vanta-se e parte em direção a um abat-jour clássico, coberto por uma campânula branca. Retira a campânula e dana-se a pintá-la com suas figuras de movimento. Fiquei paralizado, es­perando uma bronca da Da Bertha. O Naval recoloca a campânula no lugar e acende o abat-jour. Ficou outra coisa. Passou a ter uma nova vida. Nova arte. Novo abat-jour. Para minha surpresa, Da Bertha maravilhou-se e agradeceu ao Na­val pela transformação. Mandou servir um belo chá que o Bento Freire, se visse, na certa condenaria.

Em outras visitas, o mesmo frisson acontecera. No aparta­mento da Aninha, no Leme, a comissária da Varig, criadora de corujas, o procedimento e o efeito foi o mesmo. Enfrentamos al­guns desastres, mas sem dignidade para registro por falta de cul­tura, como diagnosticava Naval.

Dentro dessa idéia de renovar abat-jours, gostava de ilus­trar livros com os seus desenhos. Ilustrava livros já publicados, como se propunha a ilustrar livros em fase de edição. Ilustrou o livro do José Carlos Rego.

Há poucos dias, descobri cartões de Natal personalizados com ilustrações do Naval. Eram especiais, com os seus desenhos, tinham personalidade navaliana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário