Todos acreditavam que o Naval possuía mediunidade. E ele deixava a idéia avançar usando seus dons naturais para dar conselhos e jogar os búzios, Fazia revelações utilizando-se de um pêndulo de cristal.
Lembro-me de uma viagem que fiz a Cristalina, Goiás. Trouxe-lhe de presente algumas pecas de cristal, muito bonitas, coloridas e transparentes.
Achou-as perfeitas para o seu trabalho de mago ou de bruxo. Hoje vou botar o pêndulo pra você, anunciava pra alguém, como se fosse ver o futuro ou as notícias do horóscopo. E assim fazia seu caminho de Compostela. Tinha seu grupo de fiéis e consulentes. Eu, entre eles.
Em nossa Corretora de Valores, o Marcel preocupou-se em equipar-se com os softs mais avançados da tecnologia da informação, pretendendo transferir à técnica o trabalho de prever o comportamento do mercado. Temos uma equipe de humanos, olhando para os vídeos e tentando acertar os passos das ações e das Bolsas de Valores: todos PHDs chefiados pelo Prof. Ronaldo Nobre. A performance do sistema Homem-Soft é de certo modo extraordinária. Certo dia perguntei, na sala de operações aos especialistas, qual a tendência do mercado naquele dia. Obtive muitas respostas desencontradas, fundamentadas no eu acho. Resolvi testar o pêndulo do Naval. Liguei pra ele e propuz a mesma questão. O Naval ligou-me meia hora depois, afirmando que o mercado iria subir 7% ou coisa parecida. Logo passei a informação para o Operador Chefe, o querido Valério. Na mosca, o mercado subira o previsto pelo pêndulo de 2 dólares do Naval.
Continuei, durante algum tempo, fazendo a consulta pendular do Naval. Logicamente nem sempre dava certo, mas acertava mais do que errava.
Muito tempo depois, o Naval foi visitar-me na Corretora; dessa feita, por gozação, apresentei-o ao pessoal de operações como o meu guru que me abastecia de certeiras previsões. Um sucesso! Olha que ele não estava vestido de Rei Nagô.
Sou adepto da filosofia Kardecista, como sou de outras filosofias religiosas desde que se preocupem em praticar o bem. Quando o Naval sentia dores nas pernas, pedia-me para levá-lo a um Centro Kardecista (Lar de Misrael) que funcionava no Riachuelo, onde trabalhava um médico alemão, Dr.Hermann.
As sessões se realizavam às quartas-feiras, a partir das 14h, com grande freqüência de consultas: 200 a 400 pessoas por dia. Fiz reserva antecipada, para evitar a longa fila de espera, preocupado com o sacrifício do Naval. Antes de chegar a nossa vez, o Naval saiu pra tomar uns passes em outra sala ao lado. De repente, passo a ouvir vozes altas incompreensíveis como se fosse um duelo verbal. Corro pra ver do que se tratava, deparo-me com o Naval duelando verbalmente, numa língua estranha, com um médium africano alto, de 2 metros de altura, como se dois guerreiros tribais estivessem se enfrentando. Nunca vira coisa igual na minha vida. O Mestre do Centro - Sr.Oswaldo - surgiu e apascentou o debate iorubá.
O Naval desconhecia o evento, jamais comentou comigo o ocorrido. Pouco tempo depois, o Flávio Cunha - o meu amigo médium - explicou-me o ocorrido. O Naval participou da sessão de cura, mas o espírito avisou-lhe que a hora e o tempo dele estava chegando. Novas tarefas o aguardavam. Chorei e deixei de comentar o ocorrido com quem quer que fosse.
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