Recordo-me da primeira vez que encontrei o Naval. Um grupo de executivos boêmios, lá pelos idos de 1974, frequentávamos o Pardellas, preenchendo o intervalo das 17 as 20, ainda a tempo para chegar em casa e ver a novela.
Os convivas eram o Eirado, Hugo Rezende, Bento Freire, Sebastião Nery, Rodrigo de Mello Franco, Castelo Branco, Sérgio Peterzone, além de muitos outros. Todos espertos e malandros, no bom sentido.
Eu, já tava-me dizendo ter 30 anos de Lapa, pura invencionice.
Batíamos papo e bebíamos o nosso whisky. O Naval convidado participava de todas. Adorava um bom whisky, Logan de preferência. Lá e naquela ocasião, pude aprender uma nova versão da lei da procura e da oferta na formação do preço. Como economista que sou, tinha estudado o assunto na Faculdade Cândido Mendes (onde minha neta Renata estuda hoje) e também no Conselho Nacional de Economia com o meu inesquecível Professor Eng°. Mário Henrique Simonsen. O Naval chegava com os seus quadros e começava a vendê-los na segunda-feira e seguia com o seu negócio até sexta-feira; o Pardellas fechava aos sábados e domingos. O grupo de espertos combinava, entre si, como um cartel, para conspirar contra os preços do Naval. Até quinta-feira, ninguém comprava quadros do Naval, embora o tratassem com muita amizade. Lá, pelo final da tarde de sexta, o Naval ficava vendo as coisas pretas: nada de faturar, tendo que levar o dinheiro do fim de semana para cobrir a feira e pagar as despesas de casa. Sob essa pressão, baixava os preços dos seus quadros, aceitando ofertas descaradas para não ficar em branco. Desse modo, a curva do seu preço tinha um comportamento especial: começava alto na segunda-feira e atingia o ponto de equilíbrio na sexta-feira às 18h.
A exemplo de outros economistas ilustres, denominei essa curva de - Curva Depressiva dos Preços do Naval ou CDPN.
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