quinta-feira, 28 de julho de 2011

GINCANAS

Durante as temporadas de primavera/verão e outono/inverno, são programadas diversas gincanas artísticas no Rio de Janeiro, com pintores e a participação de artistas de todos os estágios, de estudantes a profissionais. Em geral as atividades eram iniciadas às 8h da manhã, encerrando-se às 12h. Imediatamente, logo após, um grupo de julgadores selecionava as melhores obras e as premiava mediante um critério de classificação.

O Naval se inscrevia em quase todas. Qualquer que fosse a gincana, o Naval estava lá. Havia uma, no calçadão de Copa­cabana, cujo concurso era desenhar a figura na areia. Com vento ou sem vento o Naval fazia sua obra. Lembro de alguns casos interessantes. Programaram uma gincana na Rua da Carioca, num determinado domingo.

O Naval me convidou e eu fui. Apanhei-o no bairro do Riachuelo, onde ele morava numa vila simpática. Chegamos ao local, eram quase 11 h.

La já estavam, desde às 8h, muitos artistas trabalhando. O Naval calmamente escolheu um lugar, montou seu cavalete e instalou a tela. Já eram quase 11h30, sacou seu precioso bastão de pintar, examinou-o e afinou-o com a elegância de um Paganini e partiu para a tela, girando alguns toques magistrais e, em poucos segundos, surgiu um Cristo maravilhoso.

Dá um retoque na coroa de espinho. Se afasta um pouco, olha e pergunta: Que tal? Ainda faltavam 10 minutos para terminar a gincana.

Tirou o 2° lugar. Reclamou, queria o primeiro. Merecia, mas os juízes acharam injusto com os demais concorrentes, que estavam suando desde cedo e o esperto Naval, em apenas alguns minutos, queria o primeiro prêmio. Quem ganhou o primeiro prêmio fui eu, tenho até hoje aquele Cristo vencedor. Depois, fomos comemorar no Mirage, afinal ninguém é de ferro e o chope dá liquidez às palavras.

Em outra ocasião, também numa gincana, o Naval estava pintando um bonde do Rio Antigo, carregado de passageiros. E já considerava seu trabalho terminado, quando um curioso resolve dar um palpite, criticando que nunca vira bonde sem passageiro atrasado correndo atrás para pegá-lo.

O Naval ponderou a observação, retomou o bastão para acrescentar mais passageiros pendurados nos balaustres e diversos retardatários correndo para pegar o bonde. Foi uma salva de palmas! Dessa feita, levou o 1° Prêmio. Mas, por pouco, o curioso deixou de ouvir a famosa advertência: Sapateiro não vá além das botas.

Deixou muitas medalhas que ganhou em concursos e gincanas: ouro, prata, bronze, estatuetas e outras.

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